sábado, 28 de novembro de 2009

Minha História com a Chapinha e a Compulsão por um Cabelo Liso

Vou dar início às postagens contando a minha história de amor com a bendita da chapinha. Não teria sentido eu começar um blog justamente sobre esse assunto sem me apresentar, e não há melhor forma de me apresentar do que contando a quem por aqui passar como começou minha dependência... Hehe. O texto é longo, mas garanto que vale a pena ser lido, vocês darão boas risadas.

Quando eu era criança nunca tive maiores trabalhos com meu cabelo, até uns cinco anos de idade eu tinha aquele cabelo típico da maioria das crianças: liso com cachinhos bem definidos nas pontas. Era lindo, na altura da cintura, até que um belo dia minha mãe assistindo TV, viu uma moça com um cabelo Chanel e cismou que eu ficaria linda com aquele corte. E modéstia à parte ela tinha razão. Desde nova nunca tive essas frescuras de cortar o cabelo, lembro que topei a proposta da minha mãe na hora, fui ao salão e ouvindo muitos “tadinhas” e “pra que cortar um cabelo tão lindo?” da cabeleireira o corte fui efetuado... Perdi meus cachinhos infantis e com o cabelo mega liso eu me destacava dentre as outras crianças. Até que chegou a fase da puberdade...

Não sei por que não mantive aquele corte Chanel, achava lindo mais meu cabelo foi crescendo e não cortei mais tão curto, vez ou outra eu aparava umas pontinhas aqui e ali, nada além disso. Entrei na puberdade muito cedo, mais ou menos com oito anos, e tenho certeza que a maioria que passar por aqui vai concordar que durante essa fase o cabelo muda drasticamente para a vida inteira. O cabelo comprido (livre dos cachos nas pontas) e mega liso começou a ficar ondulado na parte da frente, depois começou a ficar cada vez mais ressecado, depois cada dia mais armado... Comecei a me revoltar com aquilo, não aprecia o mesmo cabelo de dois anos anteriores... Mas minha situação só piorou quando meu amado irmão me colocou o apelido de “Maria Bethânia”. Passei a andar só com cabelo preso, sem nenhuma vaidade, lavava e prendia, sempre assim. Com o cabelo naquele estado e cheio de frizz consegui ter minha primeira dependência capilar: o gel, minha juba não sobrevivia sem ele. Ficava com maior cara de velha tendo apenas nove anos, mas pelo menos o traste ficava assentado.

Aos dez anos lembrei do corte Chanel, e na inocência de criança pensei: antes daquele corte eu tinha cachos, quem sabe se eu não cortar assim novamente meu cabelo não volta a ser liso? Uma das maiores burrices da minha trajetória capilar foi cometida com aquele ato, mesmo todos me alertando que não daria certo fui ao salão e pedi pra meter a tesoura... Aí que minha auto-estima foi de vez para o buraco. De Maria Bethânia virei um leão, e nem manter preso mais eu podia. Tentava contornar ao máximo possível com o gel e presilhas, mas sempre estava terrível, o jeito era ter paciência e esperar crescer novamente. E cresceu, no mesmo estado lastimável, mas pelo menos dava pra mantê-lo preso (e cheio de gel).

Antes disso minha mãe havia me ensinado a fazer touca de meia, nunca deu certo, ficava com o cabelo liso, porém torto e armado. Escova não me consolava, não sabia escovar os cabelos sozinha e ir freqüentemente ao salão sairia caro... fora de cogitação. Tentei até passar o ferro de passar, nunca deu certo (até hoje me pergunto como as mulheres das décadas passadas conseguiam essa proeza). Enfim, até que eu tomei conhecimento de uma nova técnica de alisamento temporário que era meio que uma adaptação mais prática do ferro de passar roupas: a chapinha.

Quem não se lembra das primeiras chapinhas lançadas (pelo menos até onde vai meu conhecimento)? Eram realmente ferros de passar roupas adaptados. Bom, mas quando fiquei sabendo, a chapinha virou meu sonho de consumo, ainda mais quando via aqueles antes e depois das propagandas da Polishop. Enchi o saco da minha mãe e um dia ela me aparece com a bendita: branca, metal, levava uma eternidade pra esquentar. Um monte de gente tinha aquela merda. Fui correndo testar e mais uma decepção... Me atrapalhei toda com a bicha, não sabia como dividir o cabelo, a placa de metal era mal colocada e quando “deslizava” no cabelo levava um monte de fios juntos. Que tristeza, lá se foi a minha esperança. Mas teve um lado ótimo... Depois de muito tentar utilizar a praga da chapinha branca de metal descobrir que ela servia pelo menos para alisar partes curtas do cabelo, e assim, com uma tímida franja lateral meu cabelo começou a dar uma melhorada significante. Me livrei finalmente do gel e conheci também nessa época o silicone para cabelos, assim eu acordava de manhã, passava o silicone no comprimento, passava a porcaria da chapa de metal na franja, prendia o cabelo num rabo de cavalo frouxo e ia pra escola me amando um pouco mais. De vez em quando eu fazia uma touca (havia aprendido a fazer com grampinhos) e junto do silicone dava até pra dar umas voltinhas com o cabelo solto, uma salvação casual que mais tarde virou um vício.

Cada vez mais adepta do truque mágico da touca+silicone eu fui levando minha vidinha capilar e deixei a medonha chapinha branca de lado. Assim que lavava meu cabelo, deixava secar naturalmente e enrolava numas duas voltas (nessa época era cabelão) com grampinhos e amarrava um lenço... Ficava o dia inteiro, só tirava pra ir pra escola (nessa época sonhei muitas vezes que estava indo pra escola de touca e que todo mundo ficava rindo de mim). Reparei que na primeira vez que enrolava o cabelo, após lavar, ele não ficava tão bom, ele só assentava bem mesmo na enrolada do segundo dia, e assim eu ia adiando as lavagens pra manter bem liso. Acredito que fiquei uns cinco meses só lavando meu cabelo aos sábados, e nisso ele ficava nojento... Mesmo eu sendo cheia de manias de limpeza (e morando num lugar super quente) eu preferia ficar com o cabelo imundo e oleoso do que ter um liso imperfeito... E nessa paranóia eu desenvolvi caspa e seborréia (duas coisas que nunca tive), meu couro cabeludo coçava tanto que chegava a ferir... Era a gota d’água, eu precisava dar uma solução para aquilo.

E a solução chegou mais uma vez por intermédio da minha mãe, ela teve um dia uma idéia mirabolante de juntar a touca de grampos com a touca térmica. Corri para a primeira loja especializada nessas coisinhas, comprei uma touca térmica e um protetor térmico capilar. Foi uma maravilha. Eu lavava o cabelo, aplicava o protetor térmico, enrolava o cabelo molhado com os grampos e enfiava a touca térmica na cabeça. Tirava a touca para virar o cabelo para secar por completo e ter um alisamento perfeito umas quatro vezes, e ficava perfeito. Foi assim durante um tempo, passei a lavar a juba dia sim dia não, ficava limpinho, sem aquelas cacas todas e lisinho... Só que um dia enjoei daquela escravidão.

A primeira vez que pintei o cabelo foi na época da touca comum com chapinha na franja. Shampoo Wellaton Vermelho Intenso (nunca esqueci), tempos bons de cabelo virgem, ficou realmente vermelho intenso. Na época que descobri a junção da touca comum+térmica tive a coragem de fazer minhas primeiras Luzes... Fiquei mais bonita, meu rosto que era pálido com o meu natural castanho claro ficou mais saudável e iluminado... Assim como não sei porque não mantive o corte Chanel na infância, também não sei porque nunca retoquei aquelas luzes, o cabelo foi crescendo e as luzes descendo, acabou ficando um contraste legal do cabelo comprido, liso, escuro com a metade clara . E foi assim, já cansada de dia sim dia não ficar na ladainha de secar o cabelo na touca térmica (demoraaaaava) que um dia eu deixei meu cabelo secar sozinho para depois fazer só uma touca comum. Quando me olhei no espelho, o espanto, meu cabelo com o passar do tempo havia ficado bonito sem eu perceber. A raiz estava super lisa e onde começavam as luzes estava ondulado... Lindo. Apertei a tecla do foda-se, e de saco cheio daquela rotina chata resolvi usar meu cabelo natural.

Foi assim durante um bom período, creio que dos 14 aos 17 anos se não me engano, só mantive a descoloração das pontas. Uma das fases capilar que mais tenho saudades e boas lembranças... Era um cabelo meio hippie chic, selvagem, naturalmente bonito, sei lá... Só sei que foi durante essa fase de tranqüilidade que descobri a maravilhosa invenção da chapinha de cerâmica.

Não sei bem como foi que quis a chapinha de cerâmica, eu estava tão em paz com meu cabelo, havia aprendido a amá-lo como ele é realmente... Só lembro que pedi uma no meu aniversário, e ganhei uma Easy Taiff maravilhosa. No mesmo dia testei, sem saber como fazer uma divisão correta pra pranchar, simplesmente dividi meu cabelo em duas partes e fui passando a Taiff da parte de trás para a frente, e mesmo nessa confusão toda tive meu primeiro cabelo liso realmente apresentável. Lembro muito bem dos fios quase chegando aos quadris (ondulado chegava só até a cintura), com um brilho que só tivera quando eu era criança (nunca vou esquecer quando revi o brilho que meu cabelo teve um dia) na parte castanha e loira. Que visão do paraíso... Nunca esqueci o que fiz naquele dia: coloquei um vestido floral que arrastava no chão e com meu cabelo lindo saí pra passear me achando a mais poderosa mortal. Rsrsrs. Mesmo assim não aceitava a idéia de abandonar de vez o meu cabelo natural... me fazia tão feliz. Estávamos tão em paz um com o outro. E sabendo que poderia ter aquela perfeição capilar lisa sempre que quisesse continuei a andar por aí com o cabelo bicolor ondulado, eu gostava, todos que me conheciam gostavam, então estava tudo bem.

E assim fui levando... Chapinha só quando dava na telha ou para ocasiões especiais. Foi assim até meus 17 anos quando meu deu uma grande saudade daquele meu primeiro cabelo vermelho. Sem pensar muito fui lá e taquei aquele mesmo Vermelho Intenso de anos atrás... E não ficou grande coisa. No começo fiquei até um pouco arrependida, o meu ondulado combinava mais com as pontas loiras do que com vermelhas, e com esse pensamento peguei minha milagrosa Easy Taiff e alisei os fios. Vi o paraíso novamente, era incrível como aquele alisamento combinava com cabelo ruivo, o brilho, a cor intensa, o comprimento... Tudo se encaixava perfeitamente. Mesmo assim pensei em relutar, mas com o tempo vi que eu tinha nascido para aquela cor e aquele tipo de cabelo... Aos pouquinhos fui pranchando meu cabelo com mais freqüência, intensificando a cor vermelha, melhorando o corte, etc. Também nessa época busquei no Orkut dicas de hidratação, tinturas, tratamentos e outras salvações para cabelos submetidos a tais procedimentos (pois sabemos que se brincar muito com a juba e não tratar a gente fica careca). E claro que hoje não faço mais aquelas loucuras de antes.

Por isso digo com orgulho, sou dependente da chapinha sim! Adoro cabelo liso, e passei a minha vida inteira lutando por ele. Natural é lindo? Concordo plenamente. Mas a busca pela satisfação pessoal é mais linda ainda, e se tratando de cabelo, eu atingi a minha!

Ah... Sabem da minha salvadora Easy Taiff? Está comigo até hoje e funcionando perfeitamente. Porém parei de usá-la no começo desse ano... Não por ingratidão, longe disso, mas porque cortei meu cabelão ruivo bem curto... e como ela é pouquinho larga eu tive que trocá-la e comprei uma Taiff Red Ion, que é bem mais estreita. Bom, meu cabelo cresceu bem rápido desde esse último corte, por isso há uns quatro meses tive que cortar novamente. Adivinhem qual foi o estilo escolhido? Chanel...


* Gostou e se identificou com algumas partes do texto? Mande a sua história com a chapinha então... Vou adorar publicá-la.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Em Construção

Estou colocando a chapinha na tomada. Aguarde...